ENTENDA MELHOR O QUE É AVC

O dia 29 de outubro é o Dia Mundial do AVC, sigla que quer dizer Acidente Vascular Cerebral. Obviamente, não é um dia para ser celebrado, mas dada a grande relevância da doença, fez-se necessário a criação de uma data para lembrar e alertar as pessoas sobre esse grande problema de saúde em todo o mundo. O AVC é a segunda maior causa de morte no planeta e estima-se que, a cada seis segundos, uma pessoa morra por essa causa no mundo, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). Se não bastasse, uma grande parcela da população permanecerá com prejuízo ou incapacidade funcional provocada pelas sequelas do AVC, demandando grande esforço /sacrifício pessoal e familiar, gastos enormes de recursos financeiros pelos governos, operadoras de saúde e pelas próprias famílias para custearem equipe de saúde multiprofissional (médicos, fisioterapeutas, fonoaudiologistas, enfermeiros, cuidadores), gastos com medicamentos, órteses, dispositivos e ferramentas para adaptações domiciliares, além de perda de renda devido ao afastamento do trabalho. Estima-se que uma a cada 4 pessoas terá um AVC um dia. Por isso, toda informação que possa evitar essa doença ou mesmo minimizar os seus danos é bem-vinda.

O que é o AVC?

O AVC é a interrupção abrupta do funcionamento de uma área cerebral devido a uma causa vascular, ou seja, por um vaso que se obstrui (entope, provocando morte celular por falta de irrigação sanguínea) ou que se rompe (provocando sangramento no cérebro). O primeiro tipo, que se dá pela interrupção do fluxo sanguíneo em uma área do cérebro, é conhecido como AVC isquêmico, representa a grande maioria dos casos (cerca de 84%) e é semelhante ao que acontece no infarto cardíaco quando uma artéria do coração (coronária) se obstrui. Aliás, o termo “infarto cerebral” também é correto dizer. Já quando ocorre um rompimento do vaso e extravasamento do sangue, temos um AVC hemorrágico, é menos comum, mas em geral também é mais grave.

Qual é a causa do AVC?

Essa é uma doença multifatorial. Não há uma causa definida para a ocorrência do AVC, mas, sim, vários fatores combinados: doenças do coração, sedentarismo, diabetes, pressão alta, tabagismo, colesterol descontrolado, gênero, história de doença vascular prévia, uso de anticoncepcional, abuso de álcool e drogas, entre muitos outros. De forma simplificada, podemos falar que o coágulo que obstrui um vaso cerebral pode ter três origens: 1) pode se formar no coração e viajar até o cérebro; 2) pode se formar em placas de gordura acumuladas nas artérias do pescoço que levam sangue para o cérebro (artérias carótidas e vertebrais); 3) ou podem se formar nos próprios vasos do cérebro. Entretanto, em muitos casos, não é possível determinar a origem do AVC (AVC criptogênico). Para cada situação existe um tratamento preventivo ou secundário diferente, por isso é necessário o estudo das possíveis causas para direcionar o melhor tratamento.

Como reconhecer um AVC?

Os sinais mais comuns são paralisia de um lado do corpo, dificuldade para falar, desequilíbrio, vertigem, alterações da visão e da sensibilidade. Na presença de um ou mais desses sinais procure ajuda médica imediatamente. O tempo é crucial quando se trata dessa doença: uma vez com o quadro instaurado, uma pessoa com AVC pode perder até 2 milhões de neurônios ou o equivalente a 12 km de fibras neuronais por minuto por falta de oxigenação.
Infelizmente, menos de 30% dos pacientes chegam ao hospital em tempo hábil para a instauração do tratamento que pode reduzir as sequelas ou até evitar a morte. A intenção do tratamento é desobstruir o vaso acometido mediante administração de um medicamento que dissolve o coágulo e/ou a retirada dele mecanicamente por meio de cateterismo. A escolha de qual método vai depender das características de cada caso, como localização do coágulo e tempo de evolução. Mas, uma coisa é certa, quanto mais rápido se faz a desobstrução do vaso, menor as chances de sequelas e de morte.

Existe correlação entre AVC e COVID?

AVC e covid-19 podem ter relação perigosa. Muitos fatores de risco para o desenvolvimento de um AVC são os mesmos para casos graves de infecção pelo coronavírus, tais como diabetes, tabagismo, obesidade e doenças cardiovasculares. Para além disso, há uma relação direta da covid-19 com o AVC. O coronavírus aumenta a coagulação do sangue e, consequentemente, a formação de trombos(coágulos), que podem, eventualmente, causar AVC. O vírus também é responsável por instaurar um quadro de inflamação que pode descompensar condições —como as cardíacas e o diabetes— o que acabam aumentando as chances de um acidente vascular cerebral.
É fato que percebemos na nossa prática diária um aumento dos casos de AVC na época de pandemia pelo COVID, muitos dos pacientes ainda jovens.

Existe prevenção para o AVC?

Obviamente, a melhor forma de driblar um derrame é evitar os fatores de risco modificáveis. Aproximadamente 90% dos casos poderiam ser evitados com prevenção. Algumas doenças do coração, por exemplo, estão diretamente relacionadas aos casos de AVC. Pacientes com arritmias, como a fibrilação atrial, espécie de descompasso nos batimentos cardíacos, têm até cinco vezes mais chances de sofrer um AVC. No Brasil, cerca de 1,5 milhão de pessoas convivem com essa doença, que é responsável por 20% dos casos de AVC. O uso de anticoagulantes, como parte do tratamento da fibrilação atrial, reduz em aproximadamente 60% a incidência de AVC nos pacientes. Estima-se que a extensão ampliada a outros fatores de risco poderia ampliar para até 90% a proteção para o AVC. Isso inclui o tratamento correto e recorrente de arritmias, outras doenças cardíacas e do diabetes, além da redução do tabagismo, sedentarismo e estímulo de hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e atividade física regular.
Mas você pode ter um AVC mesmo assim. Porém, é importante deixar claro que em cerca de 80% dos casos a pessoa poderia ter feito algo para mudar o desfecho. Você precisa fazer atividade física, controlar seu peso, gordura abdominal e a pressão arterial, reduzir o colesterol, não abusar do álcool, evitar o estresse, não fumar e fazer acompanhamento médico. Há um aumento de 50% a 54% no risco de AVC se você tem hipertensão. O diabetes pode aumentar a probabilidade de AVC em 13%, o estresse em 23%.

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SOBRE O AUTOR
dR. Gleyson Rios
Neurorradiologista Intervencionista
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